PEQUENOS EXTRATOS DE NADA | ||||||||||||||||||||||||
ANA CELIA DA ROCHA MARTINEZ | ||||||||||||||||||||||||
|
Apresento poemas, textos e tradu��es de minha autoria. Aguardo coment�rios, sugest�es, poemas, tradu��es... | |||||||||||||||||||||||
POEMAS | ||||||||||||||||||||||||
|
LOUCURA Nomes se perdem e confundem no infinito espa�o que sobra vazio na mem�ria. � dif�cil sentir quem est� pr�ximo, e os distantes apresentam-se com cumplicidade no meio de cada excesso. N�o � sabido se se nasce para andar ou voar. A fam�lia, a fam�lia. A empregada e o cachorro, a tristeza de n�o ser. O corpo: nada. A cabe�a doendo. Agentes externos extremando. A lucidez limitada ao pensar. A inspira��o como nunca vista. O que reside no meio e � respons�vel por tudo pode nem existir. HUM A inspira��o � tanta, Que me somem as id�ias Enquanto transbordo de palavras. A gra�a � tanta, Que no sentir de sua presen�a O sorriso, s�, me veste. A sede � louca, Mas a �gua por demasiado sagrada. As imagens s�o lindas - Partes de uma outra realidade. E me calo, e n�o espero E acho que nem quero! C�LICE Mostras-me um c�lice cheio E me pro�bes de sorver seu vinho: Minha sede � prom�scua E a vontade que sinto de me embriagar, Um sinal de fraqueza. Nada posso ansiar por n�o amar, E se sonho por instantes estar amando O vinho me � novamente negado. Quero beber at� me sentir vinho, At� esquecer que vou acordar (N�o por medo, mas pela infinidade de alguns minutos), Me desfazer de luzes e fatos E ser parte apenas da minha (nossa?) embriagues, Que mesmo irreal na sua realidade E moment�nea na sua eternidade, Pode ser completa. Quero te amar apenas por amar amar E te ter pela beleza dos corpos no escuro. Quero esquecer que te verei amanh� (N�o quero te ver me cobrar o amanh�). S� hoje, s� o vinho, que nesse �nico c�lice Tanto prazer pode, com sua infinita liquidez, Nos propiciar. Nega-me-lo, Vai e fica com teu c�lice Cheio de vazio, Esperando chegar o dia do amor No qual o dar� de presente a algu�m Sem saber O que est� por tr�s de um c�lice de vinho. | |||||||||||||||||||||||
TEXTOS E TRADU��ES | ||||||||||||||||||||||||
| HORAS E MADRUGADAS Todo dia alguma hora � igual. Vou dormir l� pelas 10 e acordo depois de algumas horas para ser acolhida pela madrugada. J� h� algum tempo que a madrugada me respeita mais que o dia. N�o cobra posturas, discursos, conversas, dietas, namoros, nada. Parece que o tempo da madrugada � infinito. N�o me lembro de finais de noitadas precisando ser interrompidos pelo sol nascendo. Mas desde sempre que o p�r do sol me tira da praia. Em S�o Paulo o escurecer repetidamente lembra que joguei mais um dia fora, presa em algum edif�cio ou carro e n�o vi sol nem nada. De repente volta aquele sentimento de culpa. Deveria dormir para acordar cedo - n�o estou trabalhando nem acho que deveria estar, mas tenho fam�lia e amigos que trabalham bastante, e vaidade. LUTO Eles dormem com os anjos, passam os dias pr�ximos a Deus e me olham sofrer em meio a sua alegria et�rea. Fui acordada pelas m�os suaves da minha av� que entre solu�os contou o que em milhares de medos eu sempre pressentira. N�o haveria mais culpa, m�rito, colo, sorrisos ou o amor sufocante do saber ser parte e resultado do outro. O que de mim era claramente eles passou a doer. Depois nada mais interessava. E quanto mais n�o se quer nada, mais querem mostrar tudo. E tudo cansava. As pessoas cobravam minha tristeza. Essa parecia ser necess�ria, como se validasse vidas j� passadas. Eu precisava sofrer, meu olhar sempre perdido e a elas cabendo a lucidez ... Um dia acordei chorando e gostei de palavras que sabia n�o escutar. Com o tempo passei a gostar tamb�m que me levassem a lugares que n�o enxergava. Meu desprezo aos poucos se transformava em compaix�o. N�o � mais o que quer cada um que se aproxima, mas o fato de se aproximarem. Vou deixando, sorrio e n�o sou condenada. Se meus pais ent�o me olham, sua alegria et�rea deveria aumentar? O senti-los passou a ser fonte de alegrias e encontro-os tamb�m em outras pessoas. Eles nunca estiveram no c�u. Estamos todos aqui e isso precisa ser bom. A vida � um suceder de repeti��es, s� que com formas variadas. As poucas novidades quase perdem sua caracter�stica pelo tanto que s�o esperadas. � tudo t�o planejado que sem querer j� se est� representado um papel que n�o necessariamente condiz com o que se sente. Mas tudo bem. N�o sei muito como definir o que realmente gostaria de ter feito naquelas semanas. Tios palpitando incessantemente na minha vida e na de meus irm�os, amigos ligando com aquela voz molenga e a "e a�, como � que se t�, hein?" j� tinha substitu�do o al�. Criei uma esp�cie de mecanismo de defesa que ainda hoje utilizo. Levantava um assunto, deixava o euf�rico come�ar a falar e me punha a pensar em outra coisa. O legal era quando vinham as perguntas e eu n�o tinha id�ia do que estava sendo falado. Se desse sorte e a pergunta come�asse com algo como "voc� n�o acha", qualquer sim resolvia. O problema eram os "o que voc� acha". A resposta mais utilizada era "hoje em dia eu n�o acho muito nada", o que propiciava para o interlocutor mais algumas horas de absurdos. Complicado lembrar temporalmente. Acho que em momentos de tanto desencontro a parte do c�rebro respons�vel pela mem�ria se confunde muito.
|
Favourite links
|
|
|
This page has been visited
|